De Sinop (MT) a Belém, povos e comunidades percorrem 3 mil km para denunciar os impactos da rota da soja e afirmar alternativas já existentes nos territórios.
Indígenas, ribeirinhos, quilombolas, agricultores familiares e movimentos sociais iniciaram, na segunda-feira (3/11), a Caravana da Resposta, mobilização de 14 dias que percorre por terra e rio a chamada rota da soja — eixo logístico que conecta o Centro-Oeste aos portos da Amazônia. A iniciativa denuncia o avanço da monocultura da soja, o uso intensivo de agrotóxicos e a infraestrutura voltada ao escoamento de commodities, que transforma territórios vivos em zonas de sacrifício na Amazônia e no Cerrado.
Ao longo da BR-163 e dos rios Tapajós e Amazonas, a Caravana reúne mais de 300 participantes, realizando atos públicos, assembleias, intercâmbios territoriais e manifestações culturais. A etapa final será feita em embarcação, que funcionará como alojamento coletivo e cozinha solidária durante a Cúpula dos Povos e a COP30, garantindo a presença de comunidades de base na conferência climática.
A mobilização busca denunciar o avanço dos megacorredores de exportação que pressionam territórios indígenas, ribeirinhos e áreas de produção de alimentos, além de afirmar alternativas de agroecologia, sociobiodiversidade e autonomia comunitária já existentes nos territórios. A mobilização é apoiada pela Aliança Chega de Soja, articulação formada por mais de 40 organizações e redes de diferentes territórios, entre elas o Grupo de Trabalho Infraestrutura e Justiça Socioambiental (GT Infra).
Assista ao vídeo que apresenta a Caravana:
“A Caravana é um recado para o governo e para o STF: não aceitaremos que nossos territórios se tornem corredores de passagem para enriquecer empresas estrangeiras. A gente quer comida de verdade, floresta em pé e uma infraestrutura que sirva às pessoas, não ao lucro”, afirmou Alessandra Korap, liderança Munduruku, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo.
Ao longo do percurso, a Caravana também fortalece experiências de agroecologia, pesca artesanal e sociobiodiversidade, levando alimentos cultivados por pequenos produtores e comunidades como base da cozinha solidária coletiva que acompanhará o barco até Belém. A mobilização afirma que a transição de modelo já acontece nos territórios, e que existem alternativas concretas ao avanço dos megacorredores de exportação.
A Caravana da Resposta já foi destaque nos jornais:
Folha de S.Paulo: Caravana indígena parte de Sinop até Belém para protestar contra Ferrogrão
Agência Brasil: Caravana social vai à COP30 denunciar megaprojetos do agronegócio
The Guardian: ‘A meeting of voices’: flotillas head into Belém ahead of Cop30 climate summit





